terça-feira, 20 de maio de 2008

Dissonante

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Vibrou o último acorde, uma vontade imensa de permanecer ali.
O palco acanhado, já não comportava a energia que emanava em cada compasso, através das frestas do lugar que tremia a cada acorde.
Vibrou o último acorde, e no fundo eles não queriam que fosse assim, mas como que anestesiados aceitaram (como de costume) a situação imposta pelas adversidades.
Mesmo sentindo a energia favorável do talento e da amizade, não possuem mais a força motora que os impele ao encontro do sonho cada vez mais distante, o sonho que se esvai com o vento que nunca sopra a favor.
Vibrou o último acorde, em meio a tanta gente que acompanhava atentamente cada arranjo, cada nota e palavra entoada harmoniosamente.
E ao fechar das cortinas cada um seguiu seu coração, não querendo mais acreditar, negando mesmo a possibilidade de continuar a ser um corpo, onde cada um dos membros, ainda que com algumas limitações, soavam perfeitamente como um todo.
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[Foto: Andrés Bortnik]

3 comentários:

ruth ministro disse...

Devias oferecer-nos mais textos da tua autoria, são muito bons. Gostei imenso.

Beijos :)

K. disse...

Sonhos distantes nem sempre são sonhos impossíveis, querido Sam.

Estou com muita saudade de você e desse cantinho que sempre acolheu todo o sentimento do mundo.

:***

Kênia Garcia disse...

"Último acorde"
Soa tão triste, o fim é quase sempre triste pra mim.

Beijos!!