quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Ventura

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Donzela sombria, na brisa não sentes
A dor que um suspiro em meus lábios tremeu?
E a noite, que inspira no seio dos entes
Os sonhos ardentes
Não diz-te que a voz
Que fala-te a sós
Sou eu?
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Álvares de Azevedo
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Quão venturosa manhã
Num leito de amor ao acordar
Olhar e ver-te tão bela
Ainda a suspirar

Um olhar traz a tona um desejo fervoroso
Onde palavras não se fazem necessárias
Para que os corpos se entrelacem
E a volúpia aflore libertária

E o canto matinal dos pássaros
Se junta ao som de outra melodia
De gemidos e murmúrios indistintos
Transformados em harmonias

Da suave atração
Ao estalar do beijo ensandecido
O desejo que inflama e se alastra
Até que tudo seja consumido

E durante o restante do dia
Vai, como que no céu
Voando como um anjo
Sentindo-se como um deus

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[Foto: Joe Murphy]

Top 5 Trânsito

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Em meio a alagamentos e engarrafamentos existem algumas rotas alternativas.



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1 - Eu e a Brisa - Marcela Mangabeira
2 - Till It Happens To You - Corinne Bailey Rae
3 - Sem Mais - Central
4 - Choro Bandido - Chico Buarque
5 - There is a Light That Never Goes Out - The Smiths
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[Foto: Sam]

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Transpobre Público

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Depois de uma hora e vinte minutos finalmente consegui meu lugarzinho sentado, afinal, depois de trabalhar o dia inteiro em pé, e depois de quase ser pisoteado no metrô, eu mereço um descanso para as minhas pernas, que já não sinto mais.
Ao entrar no ônibus me deparo com uma música no último volume, música...? Um ritmo sem pé nem cabeça que a cobradora descabelada cantava de trás pra frente.
Lá fora o céu desaba em forma de chuva.
Procuro me concentrar em minha leitura, mas é impossível com esta música, os vidros do ônibus todos fechados e embaçados enquanto os passageiros em pé se acotovelam no corredor.
A chuva não pára, sentado no banco de trás está um senhor que não para de tossir, me pergunto quantas “caninhas” ele tomou antes de embarcar e torço para que ele pelo menos se lembre de por a mão na boca.
A moça do banco da frente abre a janela (Ufa! Um pouco de ar puro finalmente) e arremessa um isopor onde ela acabara de comer batatas fritas levemente engorduradas, com maionese e catchup, diga-se de passagem, e torna a fechar a janela onde pode-se ver claramente suas digitais no vidro.
No banco de trás o homem continua cuspindo os pulmões enquanto em pé no corredor, uma mulher com um decote que termina no umbigo, e uma mini-saia onde é possível ver a janela do outro lado do ônibus por entre as suas pernas, agride um rapaz que supostamente fez algum comentário “malicioso”.
Depois de vinte minutos parado no mesmo farol o motorista avisa: __ Aí pessoal, tá tudo alagado!Vamu ter qui isperá a água baixá!
A música, a tosse, o calor, a senhora sentada ao meu lado falando ao celular sobre as “perversões” da sua “amiga” no trabalho pra quem quiser ouvir, o trânsito e a água subindo cada vez mais.
Desembaço o vidro da janela e vejo um isopor, ainda sujo de catchup, boiando com outras dezenas de embalagens, pacotes e garrafas, e a pergunta que vem a mente é:
“Será que consigo chegar em casa hoje?”

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[Foto: Jornal Último Segundo]

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Gentilezas

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Hoje meu domingo ganhou outros ares ao constatar que me foram atribuídos mais 2 selos, e o que é melhor, por uma pessoa à quem admiro demais.

Quero agradecer de coração a
Ana por tamanha gentileza, pelas lindas palavras dedicadas a mim, e principalmente por nos brindar sempre com textos inspiradíssimos e de uma sensibilidade sempre tão à flor da pele.

Sei que existem algumas regrinhas, mas vou atribuir conforme meu coração está pedindo agora.





Quero atribuir este selo "Amizade Virtual" à:

Universo Paralelo

Todo Sentimento

Na Dualidade da Cor

A Minha Nuvem




E "Visitante" à:

A Filosofia e Afins

A Minha Nuvem

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Gostaria de deixar registrado aqui que entre minhas escolhas também estavam Já Nem Consigo Ser Ágil, Contornus e Rosa de Cristal os quais já foram presenteados e com razão pela Ana.

Quero deixar claro aqui também, que recomendo todos os links que deixo como referência em meu blog, mesmo os que descobri recentemente, tenho encontrado muitos tesouros nessas minhas viagens à "blogosfera", e tenho prazer em compartilhar com todos os que assim como eu, apreciam o poder que as palavras exercem, seja através de um poema, através de uma música, ou simplesmente em palavras escritas com o intuito de nos fazer refletir sobre determinada situação ou sentimento.

Ana, muito obrigado pelo carinho e pelas palavras sempre sábias que deixas aqui neste humilde cantinho!

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quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Admiração

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Meus olhos, famintos, não se cansam de te acariciar
Procuram sempre um novo ângulo
só pra te admirar
E sonham mergulhar na sua boca de vulcão
Provar todo o calor que há na sua erupção
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Escorregar nos rios claros
nas margens dos teus pêlos
E encontrar o ouro escondido que brilha em seus cabelos
Devorar a fruta que te emprestou o cheiro
Talvez desfrutar de um amor puro e verdadeiro
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Esquecer o espaço, o tempo e o viver
Perder a noção do que é ter a noção do perder
Se um dia eu fui alegria ao te conhecer
Agora canto porque sinto a dor
de não te ter
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Paulinho Moska
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Se for embora não diga adeus
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E a incerteza de ter você
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Me fará sonhar e esperar...
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esperar...
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esperar...
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[Foto: Haleh Bryan]

Gentileza

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Quero agradecer a Kênia Garcia pela gentileza de me conceder este selo.

Muito obrigado pelo carinho.
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Agora existe algumas regrinhas que são:
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1 - Este prémio deve ser atribuído aos blogs que considerem serem bons (entenda-se como bons os blogs que costumam visitar regularmente e onde deixam comentários);
2 - Só e somente se recebeu o "É um blog muito bom sim senhor", deve escrever um post incluindo: a pessoa que lhe deu o prémio com um link para o respectivo blog, a tag do prémio, as regras, e a indicação de outros 7 blogs para receberem o prémio;
3 - Deve exibir orgulhosamente a tag do prémio no seu blog, de preferência com um link para o post em que fala dele .

Os 7 escolhidos por mim são:

Todo Sentimento
Ausência
A Dança dos Erros
A Minha Nuvem
Rosa de Cristal
A Cor do Silêncio
Na Dualidade da Cor

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Ânimo

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A incerteza apenas aumenta o medo que temos do futuro.
Conhecemos nosso limite, vivemos a nossa realidade, e cada vez que penso nisso encontro inúmeras dificuldades, algumas que talvez só eu veja e que me atormentam todas as noites quando vou dormir.
Luto contra a insônia em vão, acendo um cigarro e lamento a ausência de tudo que não tenho.
É estranho olhar para o espelho e não se ver, um fantasma sem sentimento, sem perspectiva de nada, vivendo um dia após o outro apenas por viver.
Como um cigano vaguei por terras desconhecidas, me conformando com tudo o que vinha a mim, me enganando.
Hoje vejo o quanto errei, mas quem pode julgar o que é certo ou errado quando se pensa estar fazendo o bem?
Às vezes o mundo parece desabar sobre nós, os sonhos somem, evaporam e nos vemos num labirinto sem saída, e nessas horas surgem forças que não imaginávamos que tínhamos e nos levantam, nos fazem crescer, nos colocam num estado melhor que antes.
Como uma fênix, ressurgimos das cinzas e voltamos a caminhar a passos largos, e o que tínhamos em mente, o que tínhamos de melhor fica evidente, assim como nossos anseios, então passamos a aspirar novos horizontes, amores, ideais... tudo novo para uma velha criatura que nem se reconhece ao olhar para trás, mas a incerteza... ah! a incerteza.
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[Foto: Marina Cano]

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Liberdade


Me deixa provar o prazer da liberdade
Me deixa voar para onde eu bem entender,

por caminhos e lugares que nunca estive.
A tristeza não está mais no olhar,

até já fiz um juramento pra não mais chorar.
E pra quem quiser saber eu não vou esconder,
que estar longe de ti não é só mais um querer.
Cheguei bem perto de me perder acreditando que poderia mudar, mas foi só ilusão, uma vontade cega que nos faz delirar e não querer enxergar o quanto estamos distantes de sermos nós mesmos.

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[Foto: Kaushik Chatterjee]

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Anjo da Manhã



Noite fria
Sozinho a cantar novas idéias que nem ele acredita
Filho benquisto tentando se ajudar
Não encontra uma saída
Ele apenas sonha...
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O dia nasce
O sol entra pela janela
Então ele percebe o anjo que estava ao seu lado durante toda a noite
E que ouviu o seu choro, a sua dor...
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Com um olhar ele parte levando consigo o medo
Abrindo-lhe os olhos
Mostrando-lhe a luz.
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[Foto: Sam]

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

Metade

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Que a força do medo que tenho
Não me impeça de ver o que anseio
Que a morte de tudo em que acredito
Não me tape os ouvidos e a boca
Porque metade de mim é o que eu grito
Mas a outra metade é silêncio.
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Que a música que ouço ao longe
Seja linda ainda que tristeza
Que a mulher que eu amo seja pra sempre amada
Mesmo que distante
Porque metade de mim é partida
Mas a outra metade é saudade.
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Que as palavras que eu falo
Não sejam ouvidas como prece e nem repetidas com fervor
Apenas respeitadas
Como a única coisa que resta a um homem inundado de sentimentos
Porque metade de mim é o que ouço
Mas a outra metade é o que calo.
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Que essa minha vontade de ir embora
Se transforme na calma e na paz que eu mereço
E que essa tensão que me corrói por dentro
Seja um dia recompensada
Porque metade de mim é o que penso
Mas a outra metade é um vulcão.
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Que o medo da solidão se afaste
E que o convívio comigo mesmo se torne ao menos suportável
Que o espelho reflita em meu rosto um doce sorriso que eu me lembro ter dado na infância
Porque metade de mim é a lembrança do que fui
E a outra metade não sei.
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Que não seja preciso mais que uma simples alegria
Pra me fazer aquietar o espírito
E que o teu silêncio me fale cada vez mais
Porque metade de mim é abrigo
Mas a outra metade é cansaço.
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Que a arte nos aponte uma resposta
Mesmo que ela não saiba
E que ninguém a tente complicar
Porque é preciso simplicidade pra fazê-la florescer
Porque metade de mim é platéia
E a outra metade é canção.
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E que a minha loucura seja perdoada
Porque metade de mim é amor
E a outra metade também.
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Oswaldo Montenegro
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[Foto: Haleh Bryan]

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Top 5 carnaval

Algumas sugestões para quem se mantém alheio ao ziriguidum carnavalesco. [tem me ajudado muito por esses dias tão...tão...]


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1 - Admiração - Moska
2 - Esperando Aviões - Vander Lee
3 - No Surprises - Radiohead
4 - Green Grass - Cibelle [gracias Vanessa, por me lembrar]
5 - Todo Carnaval Tem Seu Fim - Los Hermanos [vem bem a calhar]




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[Foto: Sam]


sábado, 2 de fevereiro de 2008

Carnevale


Começou a alienação.
Serão quatro dias com a TV desligada, nada de jornais ou revistas.
O carnaval nada mais é do que uma desculpa para se praticar em quatro dias, todas as sacanagens reservadas para o ano inteiro.
Não quero ser hipócrita, ou mesmo me passar por puritano, mas o que mais me chama a atenção é a mobilização de boa parte deste país no intuito de realizar este evento (cultural?), e de como muitas pessoas se entregam, se vendem, para fazer parte dessa Sodoma e Gomorra moderna.
É impressionante que num país como o Brasil, as pessoas dêem mais importância a este espetáculo grotesco do que a outros assuntos mais relevantes como, por exemplo, a miséria e a desigualdade social que aumentam a cada dia, ou o fato do Brasil ter um alto índice de analfabetismo e o ensino, não só o público como o privado, irem de mal a pior, sem contar todas as tramóias, mandos e desmandos de nossos honrados políticos.
Já que não irei viajar só me resta fechar todas as portas e janelas, ler um bom livro, colocar alguns CD’s para tocarem ininterruptamente e... apelar para o meu velho e desafinado violão.
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[Foto: Emil Nolde - Women and a Pierrot - 1917 - óleo sobre tela]