sexta-feira, 3 de abril de 2009

Desejo

..................................................................................................

Quero-te ao pé de mim na hora de morrer.
Quero, ao partir, levar-te, todo suavidade,
Ó doce olhar de sonho, ó vida dum viver
Amortalhado sempre à luz duma saudade!

.....................................................................................
..............................................................................
Quero-te junto a mim quando o meu rosto
.....................................[branco
Se ungir da palidez sinistra do não ser,
E quero ainda, amor, no meu supremo
.....................................[arranco
Sentir junto ao meu seio teu coração bater!

................................................................................
....................................................................................
Que seja a tua mão tão branda como a neve
Que feche o meu olhar numa carícia leve
Em doce perpassar de pétala de lis...

....................................................................................
.....................................................................................
Que seja a tua boca rubra como o sangue
Que feche a minha boca, a minha boca
.....................................[exangue!...
.......................................................................................
Ah, venha morte já que eu morrerei feliz!...

.................................................................................
.............................................................
Florbela Espanca

...........................................
............................................
[Foto:João Castela Cravo]

3 comentários:

A Coração disse...

Adoro Florbela Espanca!

=) disse...

Porque quando passo por aqui sinto que existem pessoas que compartilham de "similaridades de sentimento", ainda que passe em silêncio.
Florbela, humm.
=)

Obrigada pelas palavras que fazem sentido e também pela "interação blogal-pessoal-sentimental".

K. disse...

Ler Florbela Espanca é sempre intenso e mágico!